sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O cão foi o primeiro.

Ele Também é o Mais Antigo
Amigo do Homem.



Há pelo menos 10.000 anos, os cães deixaram de ser concorrentes pela caça (e
às vezes de caça) para ganhar um lugar nos acampamentos humanos, e até dividir a
mesma "cama". Mas, para chegar até lá, o caminho foi longo...
Dentre todos os animais com os quais o homem se associou em toda a sua história,
o cão foi o primeiro. E ele é o responsável pelo fato de o ser humano ter uma relação
estreita de, pelo menos, 10.000 anos com os animais, pois, antes de cavalos, vacas,
ovelhas, cameiros, cabras, patos, gatos ou até mesmo galinhas, havia somente o cão
nas ajuntamentos humanos. É bem verdade que nossas intenções nem sempre foram
as melhores. Há provas arqueológicas seguras de que o cachorro foi bastante usado
como alimento por nossos ancestrais. Além disso, foram utilizados como animais de guerra,
de carga, de transporte, de rinha... Mas o contato com o homem e a domesticação
também permitiram que o cão se desenvolvesse em uma espécie completamente diferente
da do lobo. Foi também o contato com o homem que fez surgir a gigantesca variedade
de raças caninas que conhecemos hoje. No século XXI, não há outro animal que seja
usado para tantas finalidades quanto o cachorro. Além de continuar sendo usado como
animal de laboratório, guia de cegos, assistente em terapias ocupacionais e recuperação
de pacientes graves e também simplesmente como companhia, proporcionando um
reforço psicológico tremendo para seus donos e também facilitando a interação entre
pessoas e comunidades.
Voltando à Pré-História, vamos encontrar o mais antigo ancestral do cão vivendo
em florestas há 40 milhões de anos. Com uma cauda longa e membros curtos, o Miacis
se assemelharia hoje mais a um furão do que a um cão, mas os dentes chamados "caninos"
já assumiram seu formato característico nessa espécie. O Miacis evoluiu para o Cynidictus
e este para o Hesperocyon. O último, há 37 milhões de anos, já era maior, com membros
mais longos, dentes caninos mais evidentes e tinha um cérebro maior que seu ancestral.
É interessante observar que sabemos ainda pouco sobre a história dos ancestrais do
cachorro. A partir daí, as teorias são conAitantes. Uma delas diz que o Hesperocyon
deu origem ao Leptocyon, ou ao Tomarctus, dois possíveis ancestrais caninos. Outros
teorizam que o Hesperocyon tenha originado o Cynodesmus e esse, o Tomarctus.

Independentemente da espécie, um mesmo ancestral gerou todos os canídeos,
a família de carnívoros que inclui lobos, raposas, cães, chacais e coiotes, entre outros.
Por isso, o melhor amigo do homem tem ainda um ancestral direto, um canídeo que
surgiu antes dele. Poucos especialistas discordam da idéia de que esse ancestral mais
direto seja o lobo (Canis lupus). As investigações científicas e arqueológicas e os testes
mais avançados de DNA sustentam essa idéia. Especula-se que o cão tenha se separado
do lobo gerando uma espécie intermediária, um lobo doméstico (Canis lupus familiaris),
antes de dar origem ao cachorro doméstico (Canis familiaris).
Mesmo com todas essas afirmações, ainda Rca difícil apontar um ancestral
principal do cão. Existem 32 subespécies de lobo. Qual delas teria dado origem ao
lobo doméstico? Em meio a várias teorias, parece mais apropriado dizer que a
domesticação do lobo ocorreu em pelo menos dois locais, na China e na
Europa. Escavações em sítios de até 500.000 anos atrás encontraram ossos de
lobos com diferenças anatômicas importantes com relação às populações selvagens
locais. Esses lobos que viviam perto (ou junto) dos seres humanos tinham ossos menores
e diferenças na ossatura da mandíbula, do crânio e dos dentes. Evidências de DNA
apontam que o Canis familiaris pode ter surgido há aproximadamente 135.000 anos,
mas, nesse período, ocorreram cruzamentos ocasionais com o lobo.
Levando-se em conta as diferenças anatômicas entre os restos mortais dos
canídeos, acredita-se que o cão tenha sido realmente domesticado entre 20 e 8 mil anos
atrás. As evidências arqueológicas mais antigas da existência de cachorros domésticos
provêm do Oriente Médio, de cerca de 10.000 anos atrás. Mas é interessante notar
também que, na China, na Europa e na América do Norte, há evidências de ossos de cães
que morreram entre 7.500 e 8.500 anos atrás.
Mas o cachorro se uniu ao homem buscando também as suas vantagens. É
provável que seres humanos e canídeos tenham caçado juntos e repartido o resultado
dessas caças. Aos poucos, alimentados pelo homem, os lobos teriam adquirido uma
certa dependência, atenuado seu sentido de auto-proteção e ficado gradualmente
mais mansos. Outras teorias defendem que os primeiros lobos domesticados teriam sido,
na verdade, filhotes capturados muito jovens de seus ninhos. Crescendo ao lado do
homem, esses filhotes passariam a fazer naturalmente parte da "matilha humana". O uso
dos lobos domesticados como alimento era raro. Parece que os humanos preferiam usálos
em outros papéis, como na guarda, em cerimônias religiosas, na tração e transporte de
carga e até mesmo como companhia e para aquecer as noites mais frias.

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